Encanto dos Orixás

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Tuesday, May 17, 2016

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SALVADOR: Secretaria estuda forma de lidar com alunos após morte de professora em escola infantil

A volta às aulas na Escola Municipal Esperança de Viver, no bairro de Castelo Branco, não será como qualquer retorno de feriado ou recesso. Os alunos, professores e funcionários da escola infantil, palco do assassinato da professora Sandra Denise Costa Alfonso, 40 anos, na  sexta-feira, terão acompanhamento de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, que ficarão na escola por um período ainda a ser determinado e trabalharão temas como luto, perda e violência de gênero.
“Não é um assassinato qualquer. É a morte de uma mulher, da forma que aconteceu, com crianças dentro da escola, que ouviram os estampidos, saíram assustadas”, diz a coordenadora pedagógica do Município, Joelice Braga, sobre o assassinato cometido pelo major do Corpo de Bombeiros Valdiógenes Almeida Junior, preso no Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas. Ele se entregou no dia do crime e chorou durante depoimento à polícia (ver abaixo).
Sandra foi morta a tiros, dentro de escola, pelo marido Valdiógenes
Segundo Joelice, a primeira tarefa é fazer um diagnóstico do trauma causado na comunidade escolar. O tempo de permanência na unidade e as ações específicas que serão desenvolvidas ainda serão determinados em reuniões com a diretora da escola, Valdiceia Oliveira. É ela quem vai determinar a data do retorno às aulas. “Ela está muito abalada. A gente acredita que esta semana ainda possa ter aula, mas quem tem que nos dizer qual é o dia é a direção”, comentou.
CasosSegundo a coordenadora, não é a primeira vez que a Secretaria da Educação (Smed) faz uma intervenção do tipo. Já houve conversas com psicólogos em casos de morte de estudantes e de funcionários. Mas em nenhuma das situações  a morte havia sido dentro da unidade.
Coordenadora do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (Gedem), do Ministério Público (MP-BA), a promotora Márcia Teixeira elogiou a iniciativa. Ela está acompanhando o caso e já foi procurada pela família da professora, que mora no Pará, para colher depoimentos sobre a relação do casal. “Essa iniciativa é a prova de que o nosso enfrentamento, nossa dedicação a esse tema é muito importante, pois tira ele da invisibilidade”, disse. Para ela, é importante agora o acolhimento às pessoas próximas da professora. “Essas crianças com necessidades especiais que a vítima cuidava foram violentadas mais uma vez, na medida em que a professora que cuidava delas foi morta brutalmente”.
LutoA violência enfrentada por mulheres em Salvador e no país não é novidade na grade curricular das escolas. O tema do luto, porém, não é tratado cotidianamente. Para definir quais ações serão empreendidas na Esperança de Viver, a Smed conta com apoio do Fundo Municipal para o Desenvolvimento Humano e Inclusão de Mulheres Afrodescendentes (Fiema) e da Superintendência de Políticas para as Mulheres (SPM). A abordagem ao assunto terá que ser moldada de acordo com as turmas da escola, que funciona com o Ensino Fundamental I e tem 187 alunos, de 4 a 8 anos.
TerrorNo dia do crime, pais e outros familiares de estudantes comentavam o abalo provocado pelo crime nas crianças. O pai de uma aluna de 4 anos disse que precisou levar a filha ao hospital. Uma ex-aluna, que costuma buscar o sobrinho, aluno de Sandra, disse que o garoto, de 6 anos, estava inconsolável. “Eu fui dar a notícia para ele e ele só fazia chorar”.
Para a coordenadora pedagógica Joelice Braga, lidar com esse trauma será um grande desafio. “A gente não acredita que depois de uma cena dessa dá pra gente dizer que as crianças vão chegar e vai ter aula normal. A gente teve um corpo durante um bom tempo dentro da escola, foi a cena de um crime bárbaro”, lembrou. 

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