O homem suspeito de matar a delegada Patrícia Jackes já colecionava boletins de ocorrência e processos contra ele. Tancredo Neves, de 26 anos, é alvo de inquéritos por violência doméstica e exercício ilegal da Medicina.
A ficha criminal dele veio à tona após o assassinato da chefe de polícia, com quem o suspeito mantinha um relacionamento. O corpo dela foi encontrado na manhã de domingo (11), com sinais de estrangulamento.
Na segunda-feira (12), já detido, Neves confessou o feminicídio, admitindo que asfixiou Patrícia. Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
Conheça o histórico do suspeito
De acordo com o delegado Arthur Gallas, do Departamento de Polícia Metropolitana, há pelo menos 26 registros policiais contra Tancredo Neves, tendo quatro deles evoluído para inquéritos policiais.
"Desde menor, ele já se envolvia em problemas, o que indicava que era uma pessoa perigosa e que não media esforços para agredir pessoas e tirar a vida, como foi o caso", disse o investigador.
- Inquérito por violência doméstica
Em janeiro de 2022, uma mulher que se relacionou com Tancredo Neves registrou uma queixa por lesão corporal dolosa contra ele na cidade de Serrinha. De acordo com o relato do crime, o suspeito deixou marcas no pescoço da vítima.
Durante o interrogatório, na segunda, o suspeito falou sobre o caso. Na versão dele, seu relacionamento com a vítima se resumiu a um encontro sexual. Ele acusou a mulher de agredi-lo e de interrogar sua noiva, que estava grávida na época. A então noiva repetiu essa mesma versão em depoimento à polícia.
- Medida protetiva após ameaça
Em abril de 2023, a Vara Criminal de Queimadas aceitou o pedido de medida protetiva de urgência apresentado por uma ex-companheira de Tancredo Neves. No boletim de ocorrência, a vítima relatou que ele respondia suas mensagens com palavras de baixo calão e fazia ameaças, "dizendo que [sic] um carro que passasse por cima dela" e que daria um tiro na moça se fosse condenado.
- Outras ocorrências do tipo
Também durante o interrogatório, Tancredo Neves foi questionado sobre a acusação de ter jogado uma mulher do quinto andar de um prédio, no Paraná. O suspeito negou o crime, cujo processo tramitou entre 2018 e 2019. Segundo ele, a mulher em questão era sua namorada e admitiu ter se jogado posteriormente.
Na coletiva de imprensa realizada na terça-feira (13), o diretor de Polícia Metropolitana, André Gallas, mencionou ainda uma denúncia registrada por uma médica de Feira de Santana. De acordo com o investigador, ela não prosseguiu com a queixa por medo.
- Exercício ilegal da Medicina e falsidade ideológica
- Durante o primeiro interrogatório, Tancredo Neves disse que os dois pararam o carro em Sapeaçu apenas para urinar, momento em que três indivíduos em uma motocicleta teriam abordado o casal. Para a polícia, a história pareceu pouco crível, pois uma moto comporta, no máximo, dois adultos.
- Uma segunda lacuna na história inventada é de que os suspeitos teriam abandonado Neves na estrada, com o celular. Isso não fez sentido para os investigadores, já que os indivíduos teriam exigido transferências em dinheiro para o casal. A polícia também questionou por que Neves esperou "um tempo" até acionar as forças de seguranças, e não as procurou imediatamente.
- Um outro ponto de destaque foi o confronto entre o relato do suspeito e as imagens registradas no pedágio. O suspeito disse que estava sob controle dos supostos sequestradores, que estariam sentados no banco de trás — Neves dirigia o veículo, com Patrícia no carona. No entanto, as imagens mostram que o banco carona estava arreado, reduzindo o espaço ao fundo, e Patrícia parecia imóvel, já morta ou desacordada.
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